Tuesday, April 14, 2009

José Afonso - Cantigueiro, Tenho um primo convexo


2008

Tenho um primo convexo

Fadado para amnistias

Em torno de ele nadam

Plantas carnívoras

Agitando como plumas

As cordas violáceas

O meu primo dormita

Glu glu entre palmeiras

Suspenso numa rede

De suor e preguiça

Corvos bicam-lhe os pés

Trincam-lhe os calos

Enquanto a tarde jaz

E a mao suspende

O gesto de acordá-lo

E a terra treme

Mas de nada o meu primo se apercebe

Zeca

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